Tudo ao molho e fé em Ronaldo
O omnipresente Marcelo e o sempre presente Jota
Pedro Azevedo

Marcelo deu todo um novo significado à função de presidente da República. Houve um tempo até em que a República se confundiu com a "Repúbica" (Ré Púbica?), com o presidente a deixar-se entrevistar em calção de banho entre 2 mergulhos na Praia da Conceição. Depois há as suas aparições nos jogos de Portugal, cá ou no estrangeiro, que incluem comentários aos jogos e prognósticos antes deles, de microfone na mão e atitude de cheerleader. Aí é o presidente da Fé Pública. Hoje, estava o melhor em campo. Francisco Trincão, a ser entrevistado para a SportTV quando a realização do canal mudou a emissão para o local onde estava Luís Marcelo Freitas Rebello de Sousa Lobo, que de pronto comentou o jogo com a mesma propriedade com que há uns tempos atrás gabou o bife com ovo a cavalo que foi o seu jantar. Nota 20. No fundo, Marcelo é um presidente (bem ou mal "passado", consoante as simpatias) com um comentarista a cavalo. Se Marcelo é omnipresente, o espírito de Jota está sempre presente: no início da campanha para o Mundial, Portugal marcou no minuto 21, hoje o actual portador da sua camisola 21, Ruben Neves, que tem Diogo Jota tatuado numa perna, decidiu o nosso jogo contra a Irlanda. Há coisas que não acontecem por acaso, embora excedam largamente a nossa compreensão, mostrando-nos que é muito mais o que desconhecemos do que aquilo que conhecemos (excepto se nos chamarmos Marcelo, claro). Dá para meditar, ou não fosse hoje um dia de reflexão (para as eleições autárquicas). Tudo está então alinhado: temos o profeta (Crist...iano) Ronaldo, portador da boa nova do futebol português, o deus Marcelo e o espírito de Jota, uma santíssima trindade que só pode terminar com o troféu de campeão do mundo.
Tenor "Tudo ao molho...": Trincão (arrancou um penalty e fez a assistência para o golo solitário do encontro).
