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A Poesia do Drible

"Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe d'asa... Se ao menos eu permanecesse aquém..." - excerto de "Quasi", de Mário de Sá Carneiro

"Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe d'asa... Se ao menos eu permanecesse aquém..." - excerto de "Quasi", de Mário de Sá Carneiro

A Poesia do Drible

30
Dez24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

Borges contra o caos


Pedro Azevedo

João Pereira foi uma espécie de quarto segredo de Fátima revelado em exclusivo a Frederico. Todavia, bem ao contrário de outras aparições, esta nunca teve a benção do Vaticano, tratou-se enfim de uma alucinação comum a presidentes de grandes clubes, que uns anos antes também Luis Filipe Vieira havia visto uma luz no Seixal (inclino-me para um pirilampo). Foi galo! Na subsequente contratação de Rui Borges, Varandas não viu um clarão sobre uma azinheira, nem tampouco consultou o tarot da Maya ou a bola de cristal da Alcina Lameiras, limitou-se a olhar para o currículo do treinador. Também não fez nenhuma previsão sobre aonde estaria o treinador daqui a 4 anos, o que já se sabe implicaria saldos na cláusula de rescisão para os colossos europeis. Ou seja, começámos logo a ganhar. Mas Rui Borges teria apenas 3 dias para preparar o derby, os mesmos que Bruno Lage para jogar os búzios e tentar adivinhar em que sistema jogaria o Sporting. Quem aproveitaria melhor o tempo? 

 

O Sporting apresentou-se ofensivamente em 4-1-4-1 (defensivamente em 4-4-2), com Quaresma a lateral direito, Morita mais perto de Trincão do que de Hjulmand e Geny e Quenda como alas. O desdobramento do 3-4-3 tradicional em Rúben Amorim num outro sistema não foi algo de novo, na medida em que o próprio Amorim já o havia feito na época passada, pelo que a novidade foi mesmo a posição relativa de Morita, que transformou o 4-2-3-1, de 2023/24, num 4-1-4-1, uma aproximação ao 4-3-3 que Borges usava em Guimarães, em que Manu Silva era o "6" e Tiago Silva e João Mendes os "10". A colocação de 2 médios em cima da linha de defesa do Benfica foi intencionado como uma faca apontada à carótida dos encarnados, uma rampa de lançamento de mísseis instalada num quintal em Carnide. mas, com pouco tempo de trabalho e Hjulmand a precisar de treinar passes rasos de maior distância, esse não foi o factor decisivo. Pelo que o maior perigo surgiu dos apoios frontais que Gyokeres deu e das consequentes interacções que se estabeleceram com Morita, Trincão e Geny (principalmente). Quenda falhou um golo cantado numa acção dessas e provavelmente um penalty foi cometido sobre o mesmo jogador, mas seria de uma antecipação mal-sucedida de Tomás Araújo a Gyokeres (à semelhança de uma outra com igual resultado perpetrada por Otamendi na época passada) que nasceria o desequiíbrio que permitiu a Geny marcar o único golo do desafio. 

 

Se no primeiro tempo quase não houve Benfica no relvado e só a má definição de Quenda e Trincão evitou que o jogo ficasse logo aí decidido, no reatamento o Sporting sofreu. Ora, o sofrimento para um Sportinguista é algo natural e uma condição inerente à nossa existência, um ADN que provavelmente terá sido inspirado em Schopenhauer, que teria de bom gosto vivido mais 46 anos para poder dar a sua benção à nossa fundação. Pelo que convivemos bem com o assunto, e o Quaresma cheio de cãibras, o Morita com falta de ar, o St Juste sempre preso por arames (para não falar da ala de inválidos do comércio sita em Alcochete que certamente sofreu por fora) fizeram das tripas coração para estarem à altura do lema de Mr Borges: "Quando faltar a inspiração, que não falte a atitude". E se a inspiração foi alternante (só o Quaresma esteve irrepreensível), atitude foi coisa que não faltou ao Sporting durante os 90 minutos, com Borges a emular o seu homónimo argentino Jorge Luis (o nosso presidente informou-nos que o Rui Borges pode ser... Rui Borges, mas esta noite ele foi Jorge Luis Borges), também ele a ter de perorar sobre o caos que governou o mundo (leonino, durante penosos 44 dias), conseguindo ver no escuro aquilo (a solução) que outro (Veríssimo) em plena claridade fornecida pela iluminação do estádio não conseguiu enxergar (segundo amarelo e consequente expulsão a Otamendi por falta imprudente sobre Geny que interrompeu um ataque promissor do Sporting). 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Eduardo Quaresma (teve de adaptar-se a um novo sistema com grande impacto no seu posicionamento em campo e esteve imperial a atacar e a defender). O Gyokeres também seria uma boa opção, assim como o Geny (4º golo a "grandes" no espaço de 1 ano) caso não tivesse sido egoista e perdido o 2º golo do Sporting.borge.jpg

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