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A Poesia do Drible

"Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe d'asa... Se ao menos eu permanecesse aquém..." - excerto de "Quasi", de Mário de Sá Carneiro

"Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe d'asa... Se ao menos eu permanecesse aquém..." - excerto de "Quasi", de Mário de Sá Carneiro

A Poesia do Drible

27
Nov24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

Saka, saca rolhas


Pedro Azevedo

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Lembram-se do desespero do Macaulay Culkin em "Sozinho em Casa" ao aperceber-se de que se esqueceram dele? Terá sido a sensação que Maxi Araújo experenciou durante toda a primeira parte ao ver-se sem apoio perante Bukayo Saka. 

A sorte e o azar são factores a não desprezar em qualquer jogo, não sendo o jogo de futebol uma excepção à regra. Ao intervalo, contra o Manchester City, o Sporting poderia ter estado a perder por dois ou três golos de diferença, mas quis a roda da fortuna que tal não acontecesse. Depois, no segundo tempo, os leões justificaram plenamente a vitória. Ontem, novamente, o Sporting não entrou bem no jogo, só que desta vez chegou mesmo ao intervalo a perder por 3 golos. Dir-se-ia assim que teve azar. Todavia, nem só de sorte ou azar se faz um jogo de futebol: quando, num jogo internacional, contra uma equipa de primeiro plano europeu, se admite uma inferioridade numérica num sector nevrálgico como o meio campo, então está-se a dar trunfos a uma eventual má sorte. Foi isso que aconteceu quando João Pereira, na impossibilidade de contar com Pote, escalou Edwards como interior esquerdo, sabendo à partida que o inglês pouco ou nada defende e que por esse flanco o Arsenal geralmente cria mais perigo, não sendo expectável que os médios pudessem ser de grande ajuda, concentrados que presumivelmente estariam em se posicionarem correctamente face ao excesso de adversários no miolo do campo. Ademais, das poucas vezes que Amorim havia começado com Edwards e Trincão em simultâneo, tinha havido a preocupação de dar a Trincão a posição de interior esquerdo, jogando Edwards a partir da direita. Tal talvez pudesse ter esbatido a diferença que o melhor jogador do Arsenal, Saka, produziu no lado direito do ataque do Arsenal, na medida em que Trincão é muito mais competente sem bola, a fechar espaços e a lutar pela posse, do que Edwards. Mas não foi essa a opção de João Pereira, e com relativa facilidade Saka sacou dois lances de inspiração individual que conduziram aos dois primeiros golos, abrindo assim a rolha do futebol champanhe com que os londrinos presentearam o Sporting durante o primeiro tempo. Para piorar o cenário, de um canto, uma bola parada, de um "set pieces" como os ingleses gostam de lhe chamar, viria o terceiro golo, com toda a equipa do Sporting concentrada na marcação na pequena área e Gabriel a surgir de trás sem oposição. 

A ganhar por três, o Arsenal surgiu mais expectante no segundo tempo. E o Sporting aproveitou para igualar a contenda no que respeita à concretização de jogadas de laboratório, quando Inácio desviou ao primeiro poste um canto executado por Trincão. Cresceu o Sporting e atemorizou-se o Arsenal. Por momentos o milagre pareceu possível. Morita e Hjulmand tiveram remates brilhantemente defendidos por esse grande guarda-redes que dá pelo nome de Raya, Gyokeres começou gradualmente a libertar-se do jugo imposto por Gabriel. Mas quem não marca arrisca-se a sofrer e, em novo lance iniciado na direita do ataque do Arsenal, a bola circulou rapidamente para o centro e Inácio e Diomande não foram suficientemente incisivos, cedendo o Sporting um penalty e ficando ainda a agradecer ao árbitro a não expulsão (segundo amarelo) do costa-marfinense. O jogo praticamente terminou aí. João Pereira finalmente lançou Bragança por Edwards e o Sporting pareceu ainda ganhar um suplemento de alma. Durante 15 minutos o jogo instalou-se no meio campo dos "Gunners". Gyokeres rebentou primeiro fisicamente com Gabriel e depois desenhou uma jogada brilhante em que correu maio campo, tirou dois defesas do seu caminho e ainda teve força para enviar um míssil que esbarrou no poste de Raya. Mas faltou a pontinha de sorte que sobejou no jogo contra o City e o Arsenal viria a marcar um outro golo. 

Na sua despedida, Ruben Amorim garantiu a competência de João Pereira mas não deixou de alertar para a importância da estrelinha da sorte que sempre o acompanhou e poderia não transitar para o nóvel treinador. Vis-a-vis o ocorrido com o City e confrontando com ontem, dir-se-ia que Amorim estava cheio de razão. Convém porém não atribuir tudo à sorte e ao azar. A sorte procura-se e encontra-se mais facilmente quando a preparação interliga-se com a oportunidade. João Pereira teve a oportunidade de uma vida e não a quererá desperdiçar. O plantel é bom e está lá para o ajudar. Caberá então ao jovem treinador de futuro tomar melhores opções, escolhas que não facilitem tanto a acção dos adversários como as que infelizmente tomou ontem. A ser assim, as nuvens agoirentas de ontem serão tomadas por um céu limpo e um sol radioso. Os Sportinguistas estão com ele, mas convém que João Pereira não ressuscite o discurso estafado, que aliás se julgava erradicado por Ruben Amorim, de que é preciso "levantar a cabeça" . É que o símbolo do Sporting é um leão rampante, o que significa que fica sempre de pé. Mesmo quando cai...

Tenor "tudo ao molho...": Hjulmand

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