Tudo ao molho e fé em Gyokeres
Do Póquer ao Black Jack (21)
Pedro Azevedo
Bem sei que houve um Tratado de Windsor que nos uniu, mas estou cansado de alianças com ingleses que inevitavelmente terminam com eles a levarem o nosso ouro. Foi assim nas invasões francesas, com o Ronaldo, Nani, Viana, Bruno ou Matheus, assim será também com o Ruben Amorim. Apesar de tudo, o acordo não foi mau: o Ruben viajará no dia de São Martinho, mas as castanhas e a jeropiga ficarão cá, escondidas que foram da curiosidade inglesa. E o Gyokeres, também, para já. Mais do que de castanhas e jeropiga, ele agarra-se à chicha, uma notícia que no passado fez manchete do Correio da Manhã. À chicha bola, bem entendido. Resultado: ao intervalo já tinha marcado 3 golos. E, se, na antecâmara do jogo, o treinador do Estreia havia-se gabado de o Gyokeres nunca ter marcado ao seu clube, no fim caiu de quatro. É que para quem se propunha parar a locomotiva Gyokeres, o Estreia mostrou alguma falta de ferro (ou Ferro). Assim, na sequência de uma cava de roleta que fez um dia Varandas trazer o Amorim para Alvalade, o Gyokeres começou no póquer e acabou no Black Jack (21). É isso, com os 4 de ontem, são já 21 os golos que o sueco marcou esta época pelo Sporting !!! [Em abono do Estrela e do seu treinador (José Faria), diga-se que a equipa dividiu o jogo com o Sporting durante a primeira parte, tendo-se equivalido em remates à baliza.]
O jogo serviu de aperitivo, de "amouse-bouche", para o prato-forte da noite: a conferência de imprensa onde Ruben Amorim iria explicar as razões para a sua saída para Manchester. Nao se tratou sequer de substituir o jogo jogado pelo jogo falado, foi mais trocar o jogo jogado pela rescisão falada. Ora, não é normal que um jogo fique em segundo plano e que os adeptos o queiram ansiosamente despachar em função de uma conferência de imprensa. Seja como for, se os adeptos o queriam, o Gyokeres tratou de lhes fazer a vontade rapidamente, e então abriram-se alas para Amorim entrar no auditório Artur Agostinho. Soube-se então que o treinador já havia anunciado ao presidente que o seu ciclo no Sporting terminaria no final desta época desportiva e que o interesse do Man Utd apenas antecipou esse fim, que ainda tentou que o contrato em Inglaterra só entrasse em vigor na próxima temporada, mas o United não aceitou. Uma alma mais cinica poderia ver aqui alguma falta de convicção do clube inglês, porque se o interesse é de longo prazo não seriam 7 meses que poderiam ser preenchidos por um interino a fazerem uma grande diferença. Seja como for, o que parece certo é que o United se quis antecipar a um eventual interesse do rival City, agora que se sabe que Viana ingressará no clube de Maine Road e Guardiola ainda não decidiu renovar. Com isso, repetiu o folhetim Ronaldo, cobiçado pelo City e contratado pelo United. Um folhetim que não acabou bem. Bom, mas isso já são contas de um outro rosário. Nós por cá só queremos que o ciclo de Amorim no Sporting termine em grande, fazendo assim jus a um trabalho excepcional desenvolvido em 5 anos que mudaram a sorte do nosso clube. Depois, venha o João Pereira e o bicampeonato.
Se no fim da época passada o tema era a aeronave, esta semana foi essencialmente boa para a promoção da CP, tantas foram as vezes em que se falou em comboios. De apanhar o comboio e também de comboios que não passam duas vezes. Infelizmente para os adeptos Sportinguistas, o Amorim trocou a gare de origem por um apeadeiro. Agora só se espera que não vá de carrinho (de Manchester)...
Tenor "Tudo ao molho.": Vik Thor Gyokeres. Menção honrosa: Franco Israel.