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A Poesia do Drible

"Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe d'asa... Se ao menos eu permanecesse aquém..." - excerto de "Quasi", de Mário de Sá Carneiro

"Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe d'asa... Se ao menos eu permanecesse aquém..." - excerto de "Quasi", de Mário de Sá Carneiro

A Poesia do Drible

05
Jun24

Treinadores com menos sucesso que jogadores na Europa


Pedro Azevedo

Ao contrário dos melhores jogadores portugueses, que foram campeões nas principais (Big 5) ligas europeias e até venceram a Champions, o histórico dos nossos treinadores nesses campeonatos é comparativamente fraco, tão fraco que se resumem a um trio as histórias de sucesso. O primeiro treinador a triunfar lá fora foi Artur Jorge (PSG, França), seguindo-se-lhe José Mourinho (Chelsea, Inglaterra; Inter, Itália; Real Madrid, Espanha; Champions pelo Inter) e Leonardo Jardim (Mónaco, França). Verdade seja dita, as oportunidades também não foram muitas, pois, exceptuando Toni (Bordeaux, França), Villas-Boas (Chelsea, Inglaterra) e Mourinho (Man U, Inglaterra), mais ninguém treinou um clube dessas ligas que tivesse hipóteses mínimas de vencer campeonatos (o Tottenham, por onde andaram Villas-Boas, José Mourinho e Nuno Espírito Santo, não deve ser incluído no lote de favoritos). 

 

Ora, se temos uma boa opinião sobre os nossos treinadores e ela até parece justificar-se, se é português um dos empresários de futebol mais influentes do mundo, custa a entender a razão pela qual eles não estão na alta-roda. A razão talvez se encontre no facto de não terem desempenhos europeus dignos de registo, faltando aí por vezes um golpe de asa ou mais uma pitada de ambição que faça com que se ultrapasse a desculpa fácil da diferença de orçamentos - Cruijff dizia que nunca tinha visto um saco de dinheiro ganhar um jogo de futebol - e se atinja um patamar superior. Porque a verdade é que Artur Jorge ganhou um contrato em França (Matra Racing) e José Mourinho outro em Inglaterra (Chelsea) por terem vencido a Taça dos Campeões/Champions e Villas-Boas chegou lá por vencer a Liga Europa (Toni foi finalista da Taça dos Campeões), enquanto o feito de Leonardo Jardim deve ser comparado à parábola de David (Mónaco) e Golias (PSG) na medida em que os monegascos não eram propriamente favoritos à partida. 

 

Dirá o Leitor que, defendendo os principais clubes portugueses, dificilmente os nossos treinadores poderão ter sucesso na Europa. Porém, isso não tem servido de desculpa aos treinadores holandeses, por exemplo, que têm coleccionado várias conquistas europeias. O último a ingressar num clube de topo das Big 5 foi Arne Slot (Liverpool), que acumulou boas actuações europeias com o Feijenoord. Dá que pensar, não é? Será que falta inovação aos nossos "misters", que se encostaram demasiadamente à escola Mourinho? E o Leitor, o que pensa disto? (Eu por mim até fico contente que lá fora não olhem com os devidos olhos para Amorim, mas choca um bocadinho ver os nossos principais treinadores serem permanentemente relegados.)

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