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A Poesia do Drible

"Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe d'asa... Se ao menos eu permanecesse aquém..." - excerto de "Quasi", de Mário de Sá Carneiro

"Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe d'asa... Se ao menos eu permanecesse aquém..." - excerto de "Quasi", de Mário de Sá Carneiro

A Poesia do Drible

10
Mai24

Um Borges que escreve poesia nos courts


Pedro Azevedo

Depois de resistir a uma mini-odisseia homérica de quase 4 horas para derrotar o recém-finalista do Estoril Open, o espanhol Pedro Martinez (nº51 ATP), em 3 sets [6(3)-7, 6-4, 7-6(8)], salvando 2 match-points pelo meio, Nuno Borges (nº53 ATP) acaba de qualificar-se para a terceira ronda do Masters 1000 de Roma ao vencer o cazaque Alexander Bublik (nº17 ATP e 15º cabeça de série) por duplo 6-4, com o luso a mostrar uma grande personalidade ao deixar o adversário em branco no seu último jogo de serviço que garantiu o triunfo. Borges ficará assim à espera do desfecho do confronto entre o neerlandês Griekspoor e o italiano Passaro para conhecer o seu opositor nos dezasseis-avos-de-final deste torneio que se disputa na Cidade Eterna. É a primeira vez que o português se qualifica para esta fase numa competição com a chancela Masters. 

Nuno-Borges-2-4-1024x683.jpg

22
Jan24

Borges impressiona na despedida


Pedro Azevedo

Sagaz, Nuno Borges obrigou Daniil Medvedev - um jogador que consta de um Olimpo onde actualmente só Alcaraz e Djokovic também se sentam - a correr de um lado para o outro e assim desgastar-se à medida que o português ia descobrindo ângulos cada vez mais fechados (face à rede) no court. Jogando com o facto de o russo defender muito atrás, Borges usou também na perfeição a arma do amorti, obrigando Medvedev a constantes sprints, e procurou também o serviço-volley e subir à rede sempre que possível. No geral, fez um jogo assente na inteligência e com momentos de grande virtuosismo técnico. O que lhe faltou? Um ou outro Ás em momentos decisivos do encontro teria sido importante contra um adversário conhecido por ser uma máquina de devolução de bolas. Relembro que Borges só conseguiu 5 Ases, quase todos no 1º set, contra 13 do russo, quando havia conseguido obter 22 no encontro que o opôs a Dimitrov. Com um jogo agressivo, Borges produziu 54 winners contra os 34 de Medvedev. O reverso da medalha foram os seus 66 erros não forçados (34 de Medvedev), muitos após longos rallies em que o russo conseguia sempre fazer a bola passar a rede e aterrar dentro da área defendida por Borges. Ainda assim, chegou a dar a sensação de que Borges poderia vencer Medvedev, o que não deixa de ser surpreendente. O português merece assim todos os encómios dos analistas, ele que no fim foi muítissimo elogiado quer por Medvedev, impresionado com a sua agressividade, quer pela lenda John McEnroe ("He started to drive Medvedev crazy"). Acordado do sonho em Melbourne, Borges verificará que subiu um patamar competitivo no seu ténis. A nós resta a esperança de que esta quarta ronda num Grand Slam tenha sido o desbloqueio psicológico de que o português necessitava a fim de continuar a progredir no ranking mundial, superar a melhor posição de sempre de um luso (João Sousa, 28º) e, quem sabe, entrar no todo exclusivo Top 10 mundial, ele que para já deverá subir à posição nº 47 (2º melhor luso de sempre). Talento, físico e inteligência ele tem de sobra, assim a mente (que lhe permitiu salvar 2 match-points antes de quebrar o serviço ao adversário por 2 vezes e ganhar o 3º set) o acompanhe nessa perseguição do estrelato.

 

PS: Como curiosidade, enquanto no quadro masculino já não há outsiders nos quartos de final e estão lá os 6 primeiros do ranking mundial (ATP), no quadro feminino metade das jogadores apuradas não eram cabeças de série. Os seus nomes: Noskova (Chéquia, 50ª ranking WTA), Yastremska (Ucrânia, 93ª), Kalinskaya (Rússia, 75ª) e Kostyuk (Ucrânia, 37ª).

nuno borges 2.jpg

18
Jan24

Nuno Borges por cima Down Under


Pedro Azevedo

Há um português por cima lá por baixo ("Down Under"), antítese que melhor realça o brilho de um tenista luso. Na Austrália, Nuno Borges superou Alejandro Davidovich Fokina (nº 24 ATP) e qualificou-se para a ronda dos últimos 32 (dezasseis-avos-de-final). A vitória do tenista luso sobre o espanhol produziu-se em apenas 3 sets (3-0), com os parciais de 7-6(9-7), 6-3 e 6-3. Foi a primeira vez que o português logrou ultrapassar uma segunda ronda em torneios de classificação ATP e logo num torneio do Grand Slam (Austrália, Roland Garros, Wimbledon e US Open). Recorde-se que, anteriormente, Borges já havia vencido o alemão Marterer, igualmente em 3 sets. Na próxima ronda, Nuno Borges procurará continuar a fazer história quando defrontar o búlgaro Dimitrov (nº 13 ATP), provavelmente o tenista mais talentoso do circuito mundial mas psicologicamente uns furos abaixo da sua competência técnica. Abre-se assim a possibilidade de bater um tenista do Top 15, depois de pela primeira vez ter vencido um jogador situado no Top 25. Inquirido sobre as suas possibilidades futuras, Borges referiu querer continuar a alimentar o sonho. Aguardemos então, sendo certo de que se Borges voltar a ganhar dará um salto de canguru na sua carreira e no Ranking ATP. Ora, não há melhor local do que a Austrália para se verem saltos de canguru, não é verdade? 

nuno borges.jpg

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