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A Poesia do Drible

"Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe d'asa... Se ao menos eu permanecesse aquém..." - excerto de "Quasi", de Mário de Sá Carneiro

"Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe d'asa... Se ao menos eu permanecesse aquém..." - excerto de "Quasi", de Mário de Sá Carneiro

A Poesia do Drible

30
Out24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

O Aníbal Amorim


Pedro Azevedo

Aníbal ficou conhecido tanto pelos seus brilhantes dotes de estratega quanto pelos seus elefantes. Todavia, com o caminho aberto para o triunfo (entrada em Roma), optou por mudar de ares, decisão que ainda hoje é considerada como controversa. Em consequência, acabou derrotado. Aquilo que Amorim se propõe fazer agora é semelhante, não deixando de ser figurativamente paradigmático da sua acção que tenha afirmado o seu desejo de retirar o elefante da sala. O problema é que o elefante foi para as bancadas, e agora os Sportinguistas estão de trombas. O ambiente sombrio que se viveu ontem em Alvalade assim o demonstra. A vida de um Sportinguista é do car(t)ago !!!...

A primeira parte do jogo evidenciou um conjunto de hesitações e de desligamentos de ficha que há muito não se viam numa equipa do Sporting. O choque está a ser grande e isso reflectiu-se em menores alegria e concentração. Foi então necessário recorrer a Gyokeres. O sueco não tem estados de alma. Na sua essência, ele é um elefante que, espera-se, não venha a ser retirado das salas de espectáculo onde actue o Sporting. E logo começou a causar estragos na porcelana nacionalista. Primeiro sacando um penalty, depois destruindo "à bomba" a última resistência insular, de forma livre e directa.

 

Os próximos dias dirão se Amorim vai apanhar o avião. A fazê-lo, talvez mais tarde (Janeiro) chegue um outro avião, esse de carga, para a viagem do elefante para o mesmo destino do seu treinador/adestrador, um enredo saramaguiano que permanecerá no sub-consciente de cada Sportinguista até ao início do novo ano. 

E nós? A gente vai continuar. Que remédio !...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Vik Thor Gyokeresexit.jpg

18
Ago24

Tudo ao molho e fé em Gyokeres

Futebol ao Sol e à Sombra


Pedro Azevedo

IMG_3383.jpeg"Futebol ao Sol e à Sombra" é o título de um extraordinário livro do insigne Eduardo Galeano, mas poderia ser também paradigmático de um outro tempo, dos jogos (ao Domingo) à tarde, com os relvados polvilhados de sol e da sombra projectada pela cobertura das bancadas cheias de gente. Foi isso que aconteceu ontem na Choupana, literal mas também metaforicamente: no primeiro tempo, o Sporting não "foi pela sombra" tanto quanto se recomendaria, isto é, não se protegeu, não se cuidou.  É certo que marcou cedo, numa bela iniciativa individual de Pote, mas depois trocou as chuteiras pelas chanatas, sacou do farnel, enterrou (mal) umas cascas de banana, deitou-se na toalha e dormiu uma soneca. Acordou tarde e a más horas, não se sabe se consequência do próprio ressono ou do barulho das gaivotas que entretanto se abeiraram por lhes cheirar a presa, e exposto a uma insolação. Nesse transe, um nacionalista superou o irmão gémeo do Diomande que regressou da CAN e repôs o empate. Para a coisa não se complicar demasiado, valeu o Trincão desafiar milhares de anos de sabedoria popular expressos no almanaque Borda d'Água e antecipar a colheita só prevista para os meses de Janeiro e diante. O golo teve o condão de levar o Sporting à frente no marcador para o intervalo. 

 

No reatamento, o Quenda caiu na área. Quer dizer, houve Que(n)da na área e o árbitro Godinho não teve outro remédio senão assinalar a penalidade provocada por um defesa nacionalista. O Gyokeres aproveitou para "molhar a sopa", que não seria de todo gaspacho tal o caldo quente que se fazia sentir na Madeira. Entretanto, os nacionalistas iam caindo que nem tordos, ao passo que os leões se mostravam frescos que nem a alface de onde a Nike extraiu o pantone da cor das suas camisolas.  Meio perdido, o Nacional ainda depositou a fé no seu Ulisses para que a odisseia não terminasse mal, mas quando este capitulou, não fazendo jus ao herói de James Joyce (Leopold Bloom) ou de Homero, os madeirenses entregaram os pontos: logo, Geny roubou a bola dentro da área e deu de bandeja de prata a Trincão para o quarto golo; depois, Bragança procurou o melhor enquadramento para o seu pé esquerdo e colocou fora do alcance do desamparado guarda-redes nacionalista; finalmente, Gyokeres recebeu um passe do recém-entrado Debast e com um tiro de canhão causou severos danos na rede da baliza dos insulares.

 

O que é Nacional, é bom. Com a vitória garantida, os leões regressaram a banhos na bonita Pérola do Atlântico. Seguir-se-á o fim das mini-férias madeirenses e o regresso a Alcochete. Na liderança do campeonato. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Pote

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