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A Poesia do Drible

"Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe d'asa... Se ao menos eu permanecesse aquém..." - excerto de "Quasi", de Mário de Sá Carneiro

"Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe d'asa... Se ao menos eu permanecesse aquém..." - excerto de "Quasi", de Mário de Sá Carneiro

A Poesia do Drible

14
Mai24

O "Killer Instinct" voltou


Pedro Azevedo

Recordo-me do tempo em que o então nosso treinador Bobby Robson sentenciou faltar ao Sporting "killer instinct". Robson tinha toda a razão. Imagino, pelas estatísticas disponíveis e conversas com os mais antigos, que esse instinto predador era o nosso paradigma no tempo de Peyroteo e dos 5 Violinos, mas foi coisa que nunca tinha realmente visto no Sporting, mesmo quando campeão (exceptuando talvez na época 1973/74, temporada que no entanto não contraria a minha premissa inicial na medida em que foi por mim ouvida na rádio e não vista no estádio). Até que chegou Gyokeres. O nosso jogador Neto, ontem, em bate-boca no programa "Titulares" da SportTV, afirmou que o sueco "não sabe brincar", dando como exemplo as correrias desenfreadas que empreendeu após entrar num jogo de Taça contra o Dumiense, quando o resultado já estava 4-0. Ora, o que Neto nos trouxe, e todos pudemos comprovar com os nossos olhos, é demonstrativo da tal atitude que há muitos anos andava arredada de Alvalade e contraria a esmerada arte de perdoar que era até aí paradigma do Sporting quando o nosso adversário estava de joelhos, o que não só nunca nos trouxe respeito como ainda nos deu alguns dissabores. E isso finalmente alterou-se, muito por causa do empenho contagiante de Gyokeres e da sua fome indomável de (mais) golos. Como consequência, após um primeiro período em que houve mais Gyokeres do que Gyokerismo, a doutrina passou, a máquina oleou e as goleadas apareceram em catarse. Senão vejamos: 8-0 ao Casa Pia e ao Dumiense, 6-1 ao Boavista, 5-0 ao Braga, 5-1 ao Estoril, 4-0 ao Gil Vicente e ao Tondela, 5-2 ao Vizela, além de sete vitórias por 3-0. Foi este querer sempre mais que elevou a capacidade competitiva da equipa e o seu ritmo de jogo, deixando para trás aquelas segundas partes sensaboronas que ao longo das épocas foram o nosso padrão após garantirmos uma vantagem folgada no marcador. Com o prego sempre a fundo, o "killer instinct" regressou, cortesia de um "assassino" sueco que veio do frio para nos aquecer os corações. Parece paradoxal, mas o único paradoxo foi o longo hiato em que o Sporting não se deu ao respeito. 

viktor-gyokeres-sporting-.jpg

17
Ago23

Killer Instinct


Pedro Azevedo

Bobby Robson, que sabia uma ou duas coisas sobre "bola", um dia sentenciou aquilo que para nós adeptos há muito era claro embora não o conseguíssemos expressar tão adequadamente: o Sporting não tinha "Killer Instinct". Com o poder de síntese tipicamente britânico, Robson tocou o dedo numa ferida que, 30 anos depois, continua aberta. Não deixa por isso de ser curioso que um novo episódio do mesmo filme tenha ocorrido no pretérito Sábado, data em que o Sporting estreou oficialmente um jogador (Gyokeres) com uma dinâmica acima dos demais. A vontade do sueco, expressa em duas jogadas individuais das quais resultaram outros tantos golos, contrastou com o género "deixar correr o marfim" de que enferma a equipa. Nesse sentido, eu vejo a energia que Gyokeres põe em campo como um estímulo e um desafio para os restantes colegas e o colectivo. E também como um remédio para atacar o vírus da falta de "killer Instinct". Assim, precisamos de mais alguns jogadores explosivos, com capacidade para agitar as águas. Nuno Santos e Morita, indubitavelmente, dirão que sim a esse desafio, de Hjulmand espera-se que sim, outros há que ainda necessitam de ser contagiados positivamente. Muito se fala da falta de intensidade do futebol jogado em Portugal, mas isso tem tudo a ver com o respeito pelo jogo e pelo público. Na bancada ou no sofá, são os espectadores que pagam o futebol, logo há que contentá-los. Da mesma forma que não se perdoaria a um actor que se esquecesse das faias durante uma peça de teatro ou a um cantor que interrompesse o seu desempenho a meio de uma actuação, também não é admissível que se aceite que uma equipa de futebol deixe de jogar quando decorrido apenas um terço de um jogo. E não me venham com a ideia do controlo do jogo, falácia que esconde a falta de preparação específica. Ponham os olhos na Premier League e vejam como lá se corre e luta durante os 90 minutos. Pelo que, se queremos ser competitivos no alto nível, devemos olhar para os melhores exemplos. E procurar estar à altura, física, táctica, técnica e mentalmente desse incremento de competitividade. Bem sei, no futebol nem todos os "motores" são de explosão, há dieseis com outras características, porventura mais cerebrais, que também fazem falta a uma equipa, e híbridos que reciclam bem a energia. O que a estes 2 últimos se pede é que não deixem de atestar o depósito para a viagem inteira ou desliguem a ficha. O Sporting precisa do "killer Instinct", e com ele se aproximará do nível competitivo que lhe permitirá mais vezes ganhar títulos, ser consistente nas vitórias. É esse o passo de exigência que nos falta dar. 

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