Western Mão-de-Vaca
Pedro Azevedo
Nada de novo no Oeste? Quando a Itália começou a produzir em Cinecittá, periferia de Roma, os seus primeiros filmes do género "Western", os americanos jocosamente ajuntaram-lhe o apodo "Spaghetti", dada a escassez dos meios de produção e a falta de qualidade dos filmes. Todavia, o apodo tornou-se injusto para o realizador Sergio Leone, que se destacou dos demais ao emergir com filmes que foram um êxito de bilheteira, como "Por um punhado de dólares" ou "Por mais um punhado de dólares" e os fundamentais "O Bom, o Mau e o Vilão" e "Era uma vez no Oeste". Dando papéis de uma vida a actores aspirantes como Clint Eastwood e Charles Bronson ou a consagrados como Henry Fonda.
Vem este arrazoado a propósito do futebol português. Este também tem contornos de "Western", com "cowboys" e "índios", heróis e vilões, orçamentos que imitam acrobacias de circo (com ou sem rede do "super-empresário") e uma qualidade média do seu principal campeonato que fica um bocado aquém do que o público aspiraria. O ponto mais ocidental (faroeste) deste Western, cuja idiossincrasia tuga o força a designar por "Western Mão-de-Vaca (ou Vata)" ou "Western Pezinhos-de-Coentrada" (à moda do Norte), não está curiosamente centrado no Cabo da Roca: embora se desconheça o actual paradeiro, sabe-se que no passado o seu epicentro foi em Canal Caveira. Porém, tal como no "Western Spaghetti", há um "Leone" que se destaca dos demais, no caso um Leão Rampante que desde 1906 procura elevar o nível e luta por uma maior qualidade das produções. Com melhores ou piores actores, estrelas ou canastrões, mas sempre com integridade.