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A Poesia do Drible

"Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe d'asa... Se ao menos eu permanecesse aquém..." - excerto de "Quasi", de Mário de Sá Carneiro

"Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe d'asa... Se ao menos eu permanecesse aquém..." - excerto de "Quasi", de Mário de Sá Carneiro

A Poesia do Drible

22
Ago24

Western Mão-de-Vaca


Pedro Azevedo

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Nada de novo no Oeste? Quando a Itália começou a produzir em Cinecittá, periferia de Roma, os seus primeiros filmes do género "Western", os americanos jocosamente ajuntaram-lhe o apodo "Spaghetti", dada a escassez dos meios de produção e a falta de qualidade dos filmes. Todavia, o apodo tornou-se injusto para o realizador Sergio Leone, que se destacou dos demais ao emergir com filmes que foram um êxito de bilheteira, como "Por um punhado de dólares" ou "Por mais um punhado de dólares" e os fundamentais "O Bom, o Mau e o Vilão" e "Era uma vez no Oeste". Dando papéis de uma vida a actores aspirantes como Clint Eastwood e Charles Bronson ou a consagrados como Henry Fonda. 

Vem este arrazoado a propósito do futebol português. Este também tem contornos de "Western", com "cowboys" e "índios", heróis e vilões, orçamentos que imitam acrobacias de circo (com ou sem rede do "super-empresário") e uma qualidade média do seu principal campeonato que fica um bocado aquém do que o público aspiraria. O ponto mais ocidental (faroeste) deste Western, cuja idiossincrasia tuga o força a designar por "Western Mão-de-Vaca (ou Vata)" ou "Western Pezinhos-de-Coentrada" (à moda do Norte), não está curiosamente centrado no Cabo da Roca: embora se desconheça o actual paradeiro, sabe-se que no passado o seu epicentro foi em Canal Caveira. Porém, tal como no "Western Spaghetti", há um "Leone" que se destaca dos demais, no caso um Leão Rampante que desde 1906 procura elevar o nível e luta por uma maior qualidade das produções. Com melhores ou piores actores, estrelas ou canastrões, mas sempre com integridade. 

15
Fev24

Oxímoros

As desventuras do Boaventura


Pedro Azevedo

As mais recentes desventuras do nosso futebol incluem um Boaventura, ou não fosse o luso ludopédio um solo fértil por onde germinam todo o tipo de contradições e de... oxímoros. Nesse particular atente-se na culpa inocente do Benfica em todo o processo, no silêncio ensurdecedor do Sporting e na voz tonitruante de um Porto provavelmente esquecido do "calor da noite", outro oxímoro ou antítese empregue para dar nome a uma boite de alterne descrita por Carolina Salgado como um jardim de infância povoado de inocentinhas criaturas quando comparada com os bastidores do futebol português. 

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08
Set23

Áudios do VAR


Pedro Azevedo

É tudo muito bonito, o senhor João Ferreira, vice do CA, teve uma óptima prestação televisiva, mas os adeptos de futebol não querem refogados com um mês de panela. O que o público quer é a divulgação dos áudios em tempo real, durante os jogos, sem cortes ou qualquer tipo de tratamento posterior. À semelhança, aliás, daquilo que já se passa no rugby. Isso, sim, será um serviço em nome da transparência. E ajudará o espectador a acreditar na integridade das competições. Já viram o que seria para um Sportinguista ouvir reverter um golo como o do Ronny?  Até parece que escuto um senhor João Ferreira de ocasião a declarar ao VAR: "vou anular o golo por mão flagrante do avançado do Paços. Obrigado!". Obrigado eu. 

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15
Ago23

Os deuses devem estar loucos


Pedro Azevedo

Movo-me pelo amor às coisas, nunca fui propriamente anti fosse o que fosse e obviamente até reconheço ao Benfica a sua contribuição histórica para a grandeza do Sporting (e vice-versa), mas a derrota de ontem dos encarnados não deixou de me dar um certo gozo. Não pelo desaire do clube em si, que eu estou mais focado é nas vitórias dos nossos, mas pelos ecos permanentes de uma imprensa que nos transmitia que o Campeonato, tal como a pescada, antes de o ser já o era, ou seja, tratar-se-ia de uma mera formalidade em que os demais competidores se ajoelhariam à passagem do andor vermelho. Então, não é que o clube maravilha, dos jogadores de cento e tal milhões e das mil e uma noites de glória (no Dubai, onde o Mendes dá prémios todos os anos), do astro Cai-Maria e companhia, levou um xeque-mate no tabuleiro do Bessa? Os deuses devem andar loucos!!!

 

De modo que o meu titubeante Sporting, das contratações que tardam ou chegam depois da hora, dos mil e um hara-kiris e das centenas de desilusões, da incerteza e sobressalto permanentes, lhe leva 3 pontinhos de avanço. Com um ponta de lança que a imprensa nunca deixou de frisar ser proveniente de uma segunda divisão, o que para o Darwin, atendendo certamente à evolução das espécies - eles também têm a Girafa (Luisão) - , nunca foi um problema. Contrariando até o proverbial fado com um golo tardio, minuto que curiosamente se viria a revelar fatal para o seu rival de sempre. Os deuses andam mesmo loucos!!!

 

Bem sei, a procissão ainda vai no adro, mas, enquanto a poeira não assentar e o mau tempo nos canais (televisivos) continuar, sabe bem sentir esta loucura no ar. E ler as explicações dos aturdidos fazedores de opinião, que vão do bater de asas da borboleta (Teoria do Caos) até à Lei de Murphy, que um mal nunca vem só e há males que não só não estão nos livros (ou cartilhas) como até desafiam o racional. Quanto ao passional, há 6 milhões de benfiquistas por alegrar, o PIB por incrementar e um país por salvar, pelo que algo terá de ser feito com prontidão. Enquanto tal não se torna realidade, os comuns mortais não-escarlates unem-se aos deuses e gozam o prato. Muito.

04
Ago23

Assim vai o futebol português


Pedro Azevedo

A eliminação do Vitória aos pés dos eslovenos do Celje demonstra bem a macrocefalia do campeonato português, onde a diferença entre os 4 que lutam pelo título e todas as outras equipas é cada vez maior. Algo necessita urgentemente de ser feito em sede da Liga de Clubes, porque, caso contrário, os pontos perdidos pelos clubes portugueses na Liga Conferência continuarão a penalizar o ranking de Portugal nas provas europeias e a afectar o número de equipas lusas que participam na Champions. A reformulação do formato competitivo dos campeonatos profissionais continua por fazer, em parte devido à resistência dos clubes pequenos por inexistência de um pára-quedas financeiro que amorteça putativas descidas de divisão, em outra parte porque há alianças tácitas entre grandes e pequenos que visam reforçar o poder dos grandes em troco de algumas concessões. 

Entre visões curtas dos clubes e a omissão do presidente da Liga - sempre preocupado em vender ilusões e escamotear que o rei vai nu por falta de acção concreta e renovadora - , assim vai o futebol português. A título profissional, porque a nível do futebol amador e semi-profissional a criação da Liga 3 por parte da FPF é um caso de sucesso. 

03
Jul23

Porta giratória


Pedro Azevedo

É, no mínimo, inconcebível que se contrate um número significativo de jogadores para os dispensar por tuta e meia na época seguinte. A sustentabilidade do futebol também passa pela correcta noção do perfil de jogador que nos interessa e uma avaliação certeira da sua valia quando se avança para a contratação. Más assumpções irão sempre acontecer, desde logo porque o erro é humano e há sempre margem para imponderáveis (lesões, inadaptação, concorrência interna forte), mas pede-se uma ainda maior convicção nas compras quando os recursos são escassos, os competidores levam avanço e a janela de oportunidade europeia está a fechar-se. Não esquecer nunca que por muito que as vendas de jogadores contabilisticamente beneficiem as sociedades desportivas (as compras não vão a Resultados no ano da sua celebração pelo seu valor integral, antes são periodificadas por via de amortização pelo nº de anos de contrato do jogador), a rúbrica de Fornecedores não esconde a realidade presente. Com a janela a fechar-se, escancarar a porta de entrada não me parece uma (boa) solução, antes configura mais um problema. 

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