Menos toxicidade, mais boas referências
Pedro Azevedo
Há muito mais além do futebol no mundo do desporto. Por exemplo, neste fim de semana pudemos testemunhar 3 grandes momentos desportivos: na Vuelta, uma das 3 competições ciclísticas por etapas mais reconhecidas mundialmente, o português Rui Costa, ex-campeão do mundo, venceu brilhantemente na chegada a Lekunberri; em Marselha, no decurso do Mundial de Rugby, tivemos um exemplo de bom-senso e autoridade arbitral (que não deve ser equiparada a autoritarismo, porque no desporto da bola oval o árbitro evita ser protagonista) no África do Sul - Escócia e de desportivismo e fair-play dos jogadores no tremendo Gales - Fiji; finalmente, no ténis, no Open dos EUA (um dos 4 torneios do Grand Slam), Djokovic impôs-se a Medvedev num confronto épico em que a qualidade de jogo e a força mental de cada um dos protagonistas esteve em evidência. Foi o 24º título em Majors para o sérvio, que aproveitou a coincidência do número para homenagear o Black Mamba, Kobe Bryant, lendário antigo jogador dos Lakers falecido em acidente de aviação.
No final da etapa da Volta a Espanha, Rui Costa foi elogiado pelos rivais Kamna e Buitrago, não havendo azedume por parte do colombiano pelo facto de o português não o ter ajudado na montanha. No rugby, as comunicações do VAR foram audíveis para todos a bem da transparência, um árbitro interrompeu uma escaramuça com um discurso que logo pôs em sentido os jogadores e o fijiano Botia teve um detalhe que produziu toda a diferença ao sinalizar o árbitro no sentido de que a bola lhe caíra das mãos e assim não deveria sancionar um ensaio de que Fiji desesperadamente necesitava para ainda dar a volta ao marcador. No ténis, o respeito entre os contendores ficou bem expresso nas declarações públicas de cada um no final do jogo. Conclusão: o futebol tem muito a aprender com as melhores práticas de outros desportos. Menos toxicidade precisa-se no desporto-rei, mais espaço urge para outras modalidades que no seu alto rendimento têm atletas e procedimentos que são uma referência para o desporto e, por que não dizê-lo(?), para a vida.