Eu show Roberto
Pedro Azevedo
A Selecção de Portugal regressa ao activo e essa é uma grande oportunidade de voltarmos a ouvir o senhor Roberto Martinez. Confesso que é um momento que, aguardo com o mesmo estado de espírito com que espero o programa semanal do Ricardo Araujo Pereira. Porque é humor a valer, um non-sense ao nível do melhor que se faz em Inglaterra, a pátria que imortalizou o género com os seus Monty Python, Rowan Atkinson ou Benny Hill. O que eu me ri quando o Roberto afirmou que a Selecção servia para recuperar jogadores (Cancelo e Félix) para os clubes ou que um jogo a feijões não proporcionou a estreia de Quenda! Ou que o melhor médio da Liga em 4 anos consecutivos (Pote) "teve azar" e o João Félix "é muito forte nos estágios". Como Deus também tem imenso sentido de humor, em consonância o Pote ficou em casa e o Félix falhou o penalty que nos afastou no Europeu. Nada porém que demovesse ou tivesse feito pensar o sr. Martinez. Desta feita viémos a saber que o Tomás Araujo estava fora da convocatória por ter uma "lesão crónica". Poucos dias depois jogou pelo Benfica, em Vila do Conde, pelo que talvez a lesão seja da honra (do Seleccionador). Se será crónica ou não, só o futuro o dirá. Vamos ver então o que valerá este estágio de Março nas contas finais da Liga das Nações, sabendo nós que o de igual mês do ano passado foi determinante para o elenco final do Euro-2024. Mas o mais provável é que o nosso Seleccionador venha a criar uma outra narrativa, que o seu sentido de humor dificilmente não prevalecerá sobre a coerência na justificação dos critérios que presidem às suas escolhas. Segue-se então a Dinamarca, pátria de um certo cavaleiro que inspirou Shakespeare. Nada que preocupe Martinez, certamente mais próximo do género Blackadder ou Em Busca do Cálice Sagrado, que montado num lote de jogadores invejáveis decerto confiará que os nórdicos não farão Hamlets sem ovos tão bons como os nossos. A caminho da Final Four, uma nova oportunidade para assistir ao show do Roberto.