Echo de Liverpool
Pedro Azevedo
Ian McCulloch chega de óculos escuros e logo procura conquistar a audiência com um "Muito Obrigado!". Num concerto em que falou quase tanto como (en)cantou, esta frase em português foi uma oportunidade rara de o entender. O resto perdeu-se na tradução, cortesia de um dialecto de Liverpool, conhecido como Scouse ou Merseyside English, que será padrão no famoso Kop de Anfield, a bancada mítica do estádio do seu amado Liverpool FC, mas dificulta a interacção com o público em geral ao vivo. Foram aliás sobre Jurgen Klopp as suas palavras seguintes, mas o nome do actual treinador dos Reds foi a única coisa que se conseguiu apanhar com nitidez. Pelo que o melhor foi mesmo a música, onde desfilaram pérolas como "Bring on the Dancing Horses", "Seven Seas", "Lips like Sugar" ou uma interessante versão de "Walk on the Wild Side" dos Velvet Underground. Sem esquecer a mais famosa "The Killing Moon" ou a sonoridade oriental de "The Cutter".
Os Echo and the Bunnymen ainda mexem e estiveram ontem na Aula Magna, num concerto curto (1h15m) e intimista para uma audiência predominantemente composta por quem já por cá andava quando editaram o seu primeiro album (Crocodiles, 1980). A fórmula é a de sempre, que estes "coelhos" não são novos e já não saem da cartola, mas continua a resultar. Ouve-se com prazer. E nostalgia.