Diogo Ribeiro
Pedro Azevedo
As críticas à prestação do nadador Diogo Ribeiro nos Jogos Olímpicos são pouco entendíveis e revelam uma fraca cultura desportiva dos portugueses. Ê como se, de 4 em 4 anos, os portugueses se apercebessem de que há mais modalidades além do futebol e exigissem aos nossos atletas resultados assimétricos com a atenção que lhes prestam durante todo o outro tempo. Sejamos claros, na minha opinião o Diogo e o seu treinador viram uma oportunidade de fazerem um brilharete nos Mundiais de Doha (disputados este ano), aproveitando o foco de outros nadadores nos Jogos. Por isso, apontaram um pico de forma para essa competição, na esperança, mas não certeza, de que tal se pudesse repetir nos Jogos. E, fiéis ao provérbio luso de que "Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar", arrecadaram duas medalhas de ouro para Portugal, uma delas numa disciplina não-olímpica (50m mariposa). Desengane-se porém o Leitor que pretenda desvalorizar este feito só porque os competidores ou não apuraram esse momento para estarem num pico de forma (optando por rodar) ou não marcaram presença, pela simples razão de que isso sempre acontece em ano olímpico. Ora, assim sendo, o feito do Diogo continua a ser impressionante. E porquê? Porque nunca antes, pese iguais circunstâncias inerentes ao ciclo olímpico, um português se havia sequer aproximado dessas conquistas. Assim, Portugal deve sentir-se orgulhoso do seu melhor nadador de todos os tempos, que certamente nos Jogos de 2028, até por já ter vencido em Mundiais, procurará apresentar-se ao seu melhor nível e apontar a essa competição como prioritária. Os seus actuais 19 anos permitem-lhe a ilusão de que um dia será possível um sucesso olímpico, assim continue a haver evolução.