Tudo ao molho e fé em Gyokeres
Um Braillinho da Madeira
Pedro Azevedo
Há duas máximas sobre massa que o Leitor precisa de recordar: a primeira, diz-nos que é muito importante ou mesmo determinante no futebol; a segunda, adverte-nos de que o que é Nacional é bom. Ainda assim, há clubes com mais "massa" do que outros, mas essa "massa" pode não ser necessariamente de melhor qualidade do que a de um clube com menos "massa". Por exemplo, o clube dos 6 milhões tem muita "massa", massa dinheiro e massa associativa, pelo que é uma maçada quando perde com um humilde mas valente clube-roulotte que tem tão pouca "massa" que anda com a casa às costas quinzenalmente até finalmente a poder parquear em Rio Maior. Logicamente, os adeptos do clube com muita "massa", que se deslocaram em massa ao local onde o adversário parou a roulotte, ficaram amassados com a atitude da sua equipa e logo pediram justificações ao seu treinador, que por sua vez, já que pedir não custa, devolveu o requisito, pedindo ajuda aos adeptos, de forma a que ele pudesse resolver "esta m€rd@", o que pressupõe, sentindo-se ele parte da solução e não do problema, que a ajuda requerida não implica que os adeptos o substituam no banco e assim consigam tirar o mínimo rendimento de um plantel milionário, inferindo-se assim que a cooperação pretendida será do género "somos todos Benfica" e se todos forem Benfica ninguém os parará, até porque não restará ninguém para o fazer (um velho sonho "vieirista").
Ora, na noite passada, um clube com "massa", não tanta como a do clube dos 6 milhões mas ainda assim muita "massa", defrontou o Nacional. Além de alertado para o facto de que o que é Nacional é bom, o Sporting tinha bem presente um exemplo de como a sobranceria pode custar caro, que mesmo com massa para o Benfica não foi "canja de galinha". Assim, com o acompanhamento da "massa", meteu a carne toda no assador, não poupando o Gyokeres, o Morita e o Bragança e procurando assim confecionar uma boa bolonhesa (que se espera dure pelo menos até quarta-feira). Por outro lado, o Nacional, ainda que não sendo um clube-roulotte, trouxe um contentor de frio a Alvalade para não estragar a famigerada qualidade da sua massa. E pousou-o em frente à sua baliza. Com um objecto de dimensões tão consideráveis à sua frente, os jogadores do Sporting tiveram sempre muita dificuldade em ver a baliza, pelo que recorreram ao braille para lerem correctamente o que se estava a passar, ao mesmo tempo que foram desenvolvendo outros sentidos: o olfato de Gyokeres, a audição de Hjulmand, o tacto de Diomande e o paladar de Quenda. Mas ainda assim não foi fácil. Pelo que, se o macaco-hidráulico fez oscilar o contentor mas não o retirou da frente, o engenhoso do Trincão acabou por resolver o problema à lei da bala, ou, mais concretamente, a tiro de canhão (rima com Trincão). Ainda assim, os nacionalistas não desarmaram, pelo que só mesmo massa fresca (18 aninhos, João Simões) resolveu definitivamente o problema.
Nos últimos 4 jogos do campeonato, o Sporting fez 10 pontos e o Benfica e o Porto (menos 1 jogo) apenas 3, o que quer dizer que Rui Borges, que arrancou com menos 1 ponto que Lage e os mesmos de Vítor Bruno, ganhou um total de 14 pontos (no mínimo 11, caso o Porto vença hoje) aos seus rivais nessas jornadas, aumentando em 1 ponto a diferença que Amorim havia cavado para cada um dos adversários directos quando faltam menos 8 jogos para o campeonato terminar, tendo pelo meio de gerir as lesões prolongadas de Pote e Nuno Santos, as recorrentes de Quaresma, Inácio, St Juste, Matheus Reis, Morita e Bragança, o cansaço muscular de Gyokeres e a falta de compromisso de Edwards. É obra!!! Bom, mas isso é outra loiça, que hoje foi a massa que nos trouxe aqui...
"Deixem passar esta linda brincadeira, que a gente vamos bailar p'ra gentinha da Madeira..."
Tenor "Tudo ao molho...": Morten Hjulmand