Tudo ao molho e fé em Gyokeres
Um, dois, três, Cathro !!!
Pedro Azevedo
Ian Cathro é o jovem treinador escocês do Estoril. Antes da recepção ao Sporting, os Canarinhos já não perdiam há 4 jornadas, o que poderia ser um indicador sobre a sua boa fluência de jogo, embora a fluência que verdadeiramente mais haja impressionado na véspera do jogo tenha sido a da língua portuguesa por parte do seu jovem treinador. Mas este Sporting é um descanso para os seus adeptos: a equipa deslumbra tanto pela forma como desenha sucessivos lances atacantes quanto pelo jeito com que rapidamente se reagrupa quando perde a bola. Nesse particular, dir-se-ia que o Sporting cria um campo magnético que parece atrair todas as bolas. (Para nós, ir de "Campo Grande" a "Campo Pequeno" é tão natural como passar "Entrecampos".) Ora, isso acontece a maior parte do tempo. E quando um ou outro jogador se desliga e a equipa como um todo perde corrente, há sempre um Matheus Reis, ou alguém de perfil semelhante, que não desliga a ficha, acciona o gerador ou acende uma vela que ilumina os restantes. Foi, de resto, o que sucedeu durante aqueles sonolentos primeiros 15 minutos do segundo tempo, período em que a equipa do Sporting se dedicou à procrastinação, uma arte que se julgava já arredia de Alvalade depois das primeiras amostras da época indicarem que o "killer instinct" havia finalmente chegado para ficar. Antes, porém, o Sporting entrara a matar, com Geny a inaugurar o marcador e Morita a dilatar o marcador.
O jogo serviu também para poupar o nosso trio nórdico, imediatamente antes de uma visita a Eindhoven que pode ser triunfal mas vai exigir a nossa maior concentração e respeito pelo adversário. Dando o mote, logo o Gyokeres foi pôr gelo... nas expectativas. Muito na linha (do Estoril) do discurso que Amorim vem implementando, assim a jeito do discurso do método de Descartes, que o Ruben é um racionalista e sente que é preciso duvidar da nossa superioridade e aparentes facilidades e afastarmo-nos de tudo aquilo que jogadores e adeptos podem dar como estabelecido ou certo.
Beneficiando do descanso de Hjulmand, o Bragança aproveitou para marcar um bonito golo após jogada individual. Estava feito o resultado. No fim, mais 3 pontos, mais 3 golos, mais uma folha em branco no que respeita a golos sofridos. Venha à Champions, o Handel e o "Zadok, the Priest", música para os ouvidos de uns novos Violinos que procuram recuperar um tempo de gloria que coincidiu com o último bicampeonato (que, com o entusiasmo, acabou em tetra).
Tenor "Tudo ao molho...": Morita